
Nesta imagem, escolhida ao acaso, ou não, o que me toca não é tanto o contexto em que é inserida, é mais o olhar desta rapariga que atravessou meio mundo chegando até mim, e como chegou até mim, apelando à minha consciência e à minha memória, sem que ela algum dia se aperceba que alguém, que nunca viu, esteve a escrever sobre ela num computador, que nunca tocou, numa sociedade que muito provavelmente desconhece.
O desenvolvimento das tecnologias visuais, como é o caso da fotografia e da televisão, inserida num mundo cada vez mais globalizado, expande-se intensamente, ocupando muitas vezes o lugar da escrita e do jornalismo, infelizmente menosprezados pela nossa sociedade, que cada vez mais se gere pelo lema de que “uma imagem vale mais que mil palavras”.
Hoje em dia as notícias reportadas pelos jornais não são levadas tanto a sério ou não causam tanto impacto como uma notícia que passa na televisão acompanhada de imagens, e que repetidamente volta a passar na televisão. O antigo boca-a-boca da população, que espalhava noticias quase que intuitivamente, de uma cidade para a outra, num sistema por vezes semelhante ao jogo do telefone estragado, hoje em dia foi substituído pela expressão do “só acredito quando vir”. Esta mudança rápida e sem precedentes, a meu ver já não têm volta a dar, caminhamos agora para uma nova Era, em que estamos informados quase ao segundo sobre tudo, encurtando assim as distâncias entre todos. O impacto das imagens a nível emocional é muito superior ao impacto da leitura de um texto, mesmo que por vezes este seja mais pormenorizado. O ser humano tem curiosidade, e cada vez mais tem o gosto em sentir essas emoções, mesmo que por vezes sejam negativas, o que acontece na maior parte dos casos.